domingo, 19 de julho de 2009

" Cumplicidade"


Não me faça feliz!
Por favor não me sacie nem me deixe pensar que algo muito bom pode sair disso.
Olhe para os meus machucados, olhe os meus arranhões, esta vendo os arranhões dentro de mim?
As palavras vinham lhe a mente, enquanto a mão dele tocava-lhe delicadamente o cabelo, o rosto e suavemente beijava sua boca.
Finalmente estavam os dois ali sózinhos, mais intimos, mais inteiros, os pensamentos invadiam sua mente, a confusão, o agora o antes, as comparações, as diferenças, ainda a resistência, recuar talvez, queria não pensar, mas não conseguiu.
Lembrou-se de muitas coisas, das antigas as mais recentes, das obviedades dos fatos, das tantas vezes que seu coração chorou e seus labios sorriam, das confissões, da sinceridade doída, ofensiva, ignorando suas dores, enquanto ela delicadamente sorria, tocava-lhe o braço, e falava apenas fica comigo, insensatamente oferecendo seu amor incondicional.
A boca agora percorria-lhe o pescoço, as mãos tocavam gentilmente seu corpo, aproximavam -se mais, havia sim a reciprocidade, a vontade de querer mais, só mais um pouquinho.
O sofá da sala era igual, coicidentemente era igual ao dele, aquele que um dia ela ouviu a descrição "das brincadeiras com a vizinha no sofá", essa lembrança desencadeou outras, " as viagens sem fim no mundo na net", " o envolvimento com a prima ", " a moça que veio de longe só para uma noite de cama", outros fatos, muitos outros, os acontecimentos mais recentes, a sua exclusão na sua vida, a falta de tempo, a total indiferença aos seus dias ruins.
Minutos, segundos talvez, pouco tempo e tudo aflorou em sua mente, já havia passado tanto tempo, e tudo lhe vinha a tona como se tivesse sido ontem, quase pode sentir novamente a mágoa, a dor, a raiva, não sentiu nada, a não ser o arrepio que a fez acordar, a vontade, o desejo de quem agora estava ao seu lado.
A boca agora era mais exigente, as mãos se procuravam, novos detalhes, novos gostos, de novo o desejo, o querer de outro corpo.
A descoberta, o corpo inteiro dele se revelando aos poucos, o dela ainda timido, poucos detalhes visiveis, já estavam saindo a algum tempo, mas para ela ainda era cedo.
Não o decepcionou, tocou-lhe o corpo com carinho, beijou o rosto, a boca o pescoço, falou baixinho em seu ouvido, pediu mais um tempo.
Ele por sua vez apesar do desejo exposto respeitou seus limites, nada cobrou, manteve se sutil, meigo e carinhoso, como era de se esperar de alguem como ele.
Na rua andaram juntinhos, trocaram carinhos, ficaram em silencio, os olhos falavam por si, não quebraram o encanto.
No outro dia se viram de novo, o mesmo carinho, os mesmos cuidados, o mesmo jeito de olhar, a vontade de novo, ela ainda tem medos, ele ainda a quer, ambos esperam sem pressa, sabem que ainda haverá muitos dias e muitos amanhãs.
Ambos sabem que vale a pena esperar, a hora certa chegar.


By Nah

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